Publicado em 27/06/2022Após a criação de uma delegacia especializada em crimes rurais, Mato Grosso assistiu à redução do número de casos de abigeato. Nos primeiros cinco meses de 2022, houve queda de 18,5% no furto de gado bovino, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A Delegacia de Combate a Crimes Rurais e Abigeato (Deleagro) foi inaugurada em setembro do ano passado. Sediada na capital, Campo Grande, tem abrangência em todo estado para acelerar as investigações de crimes contra o patrimônio do produtor rural, como furto de gado, insumos e produtos agrícolas.
O delegado titular da especializada, Mateus Zampieri, destaca o trabalho da inteligência e o uso de tecnologias na repressão de crimes.
“O setor de inteligência ativo e atuante é fundamental, assim como a troca de informações entre as forças policiais, seja Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Militar. As inteligências precisam conversar, e isso que buscamos desde o primeiro dia de criação da Deleagro. Paralelamente, o contato com colegas de outros estados, onde já existe esse combate a crimes rurais, como em Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais, nós já temos estreitado muito, até porque o crime não tem fronteira”, comenta.
Abigeato de oportunidade
“Aqui em Mato Grosso do Sul, eu diria que 90% dos crimes de abigeato são os pequenos, de uma ou duas cabeças de gado. São os crimes de oportunidade, onde um criminoso sai, principalmente à noite, em estradas, procurando um gado que esteja vulnerável, de fácil acesso, e ele faz o abate ali mesmo e leva parte ou todo animal. Essa carne é comercializada em pequenos comércios, por vezes até em residências mesmo“, ressalta o delegado.
De acordo com o titular da especializada, a Deleagro tem trabalhado de forma intensa no mapeamento de dados anteriores à criação da unidade. “Um boletim de ocorrência pode ter uma ou dez cabeças de gado, mas para fins estatísticos, é um boletim de ocorrência. Quando tiver dez boletins de ocorrências, não quer dizer que foram levadas dez cabeças de gado, por outro lado, eu posso ter 50 boletins e 50 cabeças de gado furtadas, portanto, estes números anteriores à Deleagro, demandam tempo para mapearmos e entendermos o que foi efetivamente levado, o sistema não fazia essa diferenciação sobre quantas cabeças constavam em um boletim de ocorrência”.
Segundo ele, a delegacia tem trabalhado na implementação de um sistema que permite saber, por exemplo, quantas cabeças de gado foram levados nos últimos 30 dias, e não quantos boletins foram registrados no período. Outra questão importante na contabilização dos dados é entender o aumento no registro de boletins de ocorrências nas épocas de vacinação dos rebanhos.
“O produtor não conta o seu rebanho toda semana, estamos falando de um estado com mais de 20 milhões de cabeças de gado, então a contagem, em via de regra, é feita nas épocas de vacinação, em maio e novembro, e são nestes momentos que ele vai dar falta dos animais, já que a última contagem foi feita há 6 meses, aí ele vem e realiza o boletim de ocorrência na delegacia”, afirma o delegado. Com informações do Canal Rural.