Publicado em 23/11/2021Desde setembro, a exportação de carne bovina brasileira para China está suspensa devido aos casos de vaca louca registrados em dois municípios do interior do Brasil.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), se o embargo continuar, estima-se um prejuízo de até US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões) para o setor.
Após a suspensão, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anunciou que o governo russo abrirá uma cota de 300 mil toneladas de carne com tarifa zero de importação por seis meses.
Na última quarta-feira (17), a ministra reuniu-se em Moscou com o chefe do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Sergei Dankvert, que garantiu a realização de uma visita de inspeção ao Brasil (ainda no primeiro trimestre de 2022), o que possibilitará a habilitação de novas plantas frigoríficas brasileiras para exportação, segundo o site Poder 360.
A Sputnik Brasil entrevistou Augusto Carneiro, trader da Sudambeef S.A responsável pelas vendas para Rússia e Leste Europeu no intuito de entender se a medida russa pode ajudar o setor agropecuário brasileiro diante do embargo chinês e se o setor pode colher benefícios futuros com a reaproximação comercial entre Moscou e Brasília.
Dentro da cota de 300 mil toneladas divulgada pela mídia e anunciada pela ministra, 200 mil toneladas se referem à carne bovina e 100 mil toneladas à carne suína, entretanto, não ficou claro se a cota seria para o Mercosul, para o Brasil ou também para outros países.
Carneiro diz que, para o setor, também não ficou esclarecido para quem a cota vale, e até agora, há apenas conhecimento sobre o volume de 300 mil toneladas, o qual contará somente com "carnes de corte, os miúdos bovinos e suínos ficaram de fora", diz o especialista.
Ao mesmo tempo, o trader ressalta que ainda não se sabe como vai ser a correspondência com os importadores, "se será através de empresas privadas ou de uma empresa estatal única", e que o setor aguarda a confirmação, uma vez que "dependendo da forma como ocorra, é que teremos a certeza da tarifação zero para as carnes".
"O Brasil é o país que mais tem condições de fornecer esse volume [de carnes], já que outros países não têm condições para atingir a cota de 200 mil toneladas de carne bovina ao longo do ano, o único que tem essa capacidade, incluindo a cota suína, é o Brasil, só que o país também tem o problema de não ter muita planta [frigorífica] aprovada e isso limita bastante o volume", explica o trader.
No entanto, o fato de uma delegação russa vir ao país para inspecionar as plantas "é um ótimo sinal, pois há muito tempo esse procedimento não acontece", mas Carneiro enfatiza que o interessante seria se a perícia acontecesse antes do primeiro trimestre de 2022, porque "só assim poderíamos ficar um bom tempo dentro do período da tarifação zero, o qual, até o momento, entendemos ser de apenas seis meses". Com informações da Sputinik Brasil.