Publicado em 23/06/2021Os representantes de pecuaristas e da indústria de carne bovina da Argentina se reuniram nesta terça-feira (22/6) com o presidente Alberto Fernández e só ouviram más notícias para o setor.
Além da proibição da exportação de sete cortes de carne bovina, haverá uma cota de exportação correspondente a até 50% do volume médio mensal exportado embarcado até agosto do ano passado.
Ficaram de fora das restrições as exportações já asseguradas para o mercado europeu (cotas Hilton - animais criados a pasto - e 481 - bois confinados) e para o norte-americano.
A notícia foi dada pelo ministro de Desenvolvimento Produtivo, Matías Kulfas, após o encontro de Fernández com os líderes ruralistas, na Casa Rosada, sede do governo argentino. As medidas fazem parte do que o governo denominou Plano Pecuário, cujo objetivo proposto é o de aumentar a produção e baixar os preços da carne. Os cortes proibidos para embarques externos são: costela, capa de filé, matambre, coxão duro, patinho, paleta a vazio.
“Estamos dando prioridade à mesa dos argentinos, o bolso das famílias através de mecanismos que permitam reverter o sistema de aumentos que não têm qualquer justificativa nos custos da cadeia”, disse Kulfas, repetindo um discurso bem conhecido pelo setor desde 2008, quando a então presidente Cristina Kirchner decidiu adotar medidas similares com o mesmo argumento.
Segundo Kulfas, o plano pretende elevar a produção de três milhões de toneladas anuais para “cinco milhões de toneladas e garantir três milhões para o mercado interno e dois milhões para exportação". O ministro explicou que a medida provisória de urgência assinada pelo presidente formalizará a proibição da exportação dos sete cortes mencionados.
Por outro lado, o governo voltará a permitir parcialmente as exportações de carne bovina que ficaram suspensas durante 30 dias. “As exportações serão reabilitadas, mas até 50% da média do ano passado. O que implica reabilitar, mas de forma gradual”, detalhou. Não está claro se essa redução ocorrerá sobre o total ou sobre o total deduzido das cotas com terceiros países, que estão isentos das restrições.
Também participaram da reunião, o ministro da Agricultura, Luis Basterra, e todos os setores da cadeia produtiva da carne. Segundo o governo, “o objetivo é trabalhar com um diálogo aberto”, mas fontes do setor afirmam que as receitas são velhas conhecidas e não contam com diálogo. Esta tarde, os referentes do setor se encontravam reunidos para analisar os anúncios e possíveis medidas de protesto.
“Não há plano de pecuária", disse o presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Jorge Chemes. Para ele, um plano de pecuária seria incentivar a produção e a engorda dos animais. “Restrições de exportações, retenções (impostos), congelamento de preços ... Isso tudo já conhecemos e terminou com uma forte queda da produção, perda do rebanho e de posição no mercado internacional”, detalhou à Globo Rural.
Os líderes dos produtores reclamaram que os preços nos açougues e nas prateleiras dos supermercados não podem ser garantidos por eles e que não adianta congelar o preço para o produtor porque é na venda ao consumidor, onde se dispara. "Toda a cadeia tem que estar comprometida e ser revisada e, mesmo assim, não sei se podem garantir a manutenção dos preços. É um contexto complexo e de alta inflação ”, analisou o presidente da Federação Agrária Argentina, Carlos Achetoni.
Ambos consideram que os anúncios são sinais muito negativos para o setor porque gera desconfiança e insegurança. Além deles, os líderes da Sociedade Rural Argentina e da Confederação Intercooperativa Agropecuária, disseram que vão consultar suas bases para tomar uma posição. Ninguém descarta medidas de força, como paralisação das atividades e outros tipos de protestos. Eles reivindicam a liberação de 100% das exportações. Com informações do Globo Rural.