Publicado em 09/11/2020O governo australiano aconselhou as empresas exportadoras do país a procurar novos mercados e reduzir a dependência em relação à China, em meio ao agravamento de uma disputa entre os dois países em torno da covid-19. Os embarques da Austrália à China superam US$ 4 bilhões por ano.
Membros do governo fizeram o alerta a exportadores durante uma conferência virtual na quinta-feira que discutiu ameaças informais feitas por importadores chineses aos exportadores australianos. Os importadores relataram que Pequim pretende vetar as compras de vinho, lagostas, cobre e outros bens a partir da sexta-feira. Uma fonte que participou do evento disse ao “Financial Times” que eles foram avisados pelas autoridades que as relações bilaterais com a China dificilmente melhorariam no curto prazo e que eles deveriam começar a explorar outras opções.
O alerta chega depois da decisão de Pequim de impor tarifas contra as importações de cevada e cortes de carne da Austrália e de ter começado uma investigação antidumping sobre as remessas de vinho australiano. Essas medidas foram anunciadas pela China depois que Camberra defendeu, em abril, uma investigação sobre a origem da epidemia de covid-19 em Wuhan. Desde então, as relações comerciais e diplomáticas entre os dois países chegaram ao pior momento em uma geração, com alguns exportadores australianos enfrentando dificuldade para passar com seus produtos pela alfândega chinesa.
O Ministro do Comércio da Austrália, Simon Birmingham, disse que o governo chinês negou haver algum esforço coordenado para restringir a entrada de produtos australianos. Birmingham afirmou que os problemas no comércio exterior dos últimos meses aumentam drasticamente os riscos para os exportadores australianos na China e sinalizam que algumas empresas começarão inevitavelmente a procurar mercados alternativos na Ásia, como Japão, Coreia do Sul e Indonésia. A China é o maior parceiro comercial da Austrália. Camberra admitiu não estar recebendo mais retorno para as ligações telefônicas que faz a seus pares chineses. Birmingham considerou decepcionante que Pequim ainda se recuse a envolver-se em conversas na esfera ministerial. Com informações do Valor.