Publicado em 28/09/2007Alan Fraga
As exportações brasileiras de carne bovina rumam para um novo recorde, conforme previam diversos especialistas do setor. Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (ABIEC) indicam que entre os meses de janeiro e julho deste ano, as vendas no mercado internacional renderam US$ 2,552 bilhões com os embarques de 1,556 milhão de toneladas, volume 20% superior se comparado ao mesmo período de 2006. Esse ótimo desempenho reflete os esforços de toda cadeia produtiva para agregar valor à carne brasileira.
Além do salto nas vendas externas, a arroba do boi gordo também segue em tendência de alta. O período de entressafra fortaleceu o segmento e deu novo ânimo ao pecuarista. A média geral nas principais praças foi superior a R$ 60/arroba, e muitos acreditam que essa situação deve perdurar. Já estava mais que na hora. Os focos de febre aftosa em 2005 castigaram toda a cadeia produtiva, gerando grandes prejuízos. Muitos produtores desistiram da atividade ou reduziram seus rebanhos para evitar perdas financeiras.
Hoje a realidade é outra, e devemos aproveitar a oportunidade para finalmente colocar as coisas em ordem. A solidez do mercado está proporcionando maior rentabilidade e o investimento na qualidade do gado não deve ser deixado de lado.
Precisamos pensar em um futuro bem próximo, já que estamos às vésperas da época de estação de monta.
O mercado é claro sobre o tipo de produto que deseja: animais jovens, prontos para o abate aos 24 meses de idade, com carcaça padronizada e espessura de gordura acima de 3 centímetros. Para acompanhar esse ritmo de crescimento, é necessário seguir todas as regras, além de fazer nossa lição de casa corretamente. Apenas um descuido no manejo do gado pode ser suficiente para reverter lucro em prejuízo certo. Quem produz animais ‘padrão exportação’ tem maior facilidade em negociar sua produção e pode até ser bonificado pela qualidade da carcaça.
O melhoramento genético do gado é um importante aliado nessa batalha. Seja pelo processo de monta natural ou inseminação artificial, é fundamental utilizar somente touros, matrizes ou sêmen de animais verdadeiramente funcionais, atestados em um programa de melhoramento genético idôneo. Ressalto que plantaremos as sementes que darão frutos somente em 2009, quando os preços serão ainda melhores. Por isso, devemos estar preparados para explorar ao máximo a rentabilidade desse segmento.
Vale lembrar que os consumidores estão cada vez mais exigentes com a qualidade dos produtos que levam à mesa e temos a obrigação de atender suas necessidades. Quem se dá ao luxo de praticar à pecuária que deseja, nunca será competitivo e correrá o risco de afundar em prejuízos.
* Alan Fraga é presidente da Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil (ABCRSS), sediada em Cachoeiro do Itapemirim (SC). [email protected]