Publicado em 26/05/2017O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, defendeu, nesta quinta-feira (25/4), o incentivo a atuação de outras empresas na indústria de carnes no Brasil. Segundo ele, a situação do setor ficou delicada depois das delações dos donos da JBS, Wesley e Joesley Batista, e de executivos da empresa.
“Não sei o que vai acontecer com essa companhia. Vamos supor que aconteça o pior. Como fica o fica o setor produtivo? Então, nós estamos fazendo um levantamento, ver onde estão as plantas fechadas e tentar estimular alguns outros grupos para que possam também aos poucos entrar no mercado”, disse.
Em Cuiabá, onde participa do seminário A Força do Campo, promovido pelo Banco Santander, Maggi disse que sem foi um crítico da forma como a JBS cresceu e dos incentivos dados pelo governo à empresa. Questionado sobre como o governo pode atuar para reduzir a concentração no mercado, o ministro da Agricultura deu a entender que o método não seria muito diferente do que a favoreceu: financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos oficiais.
"Vamos tentar convencer Cade, BNDES e bancos oficiais de que novos players, novos concorrentes precisam vir para o mercado. Claro que devemos ter empresas grandes e fortes, mas precisamos de uma predominância de pequenos também nesse mercado. Estamos pagando um preço gigante por um erro do passado", disse o ministro.
Recém-chegado de uma viagem ao Oriente Médio, o ministro da Agricultura afirmou que representantes dos países da região avaliam a atual situação como preocupante. Segundo Blairo Maggi, problemas ainda maiores para a indústria de carne brasileira poderia ter reflexo na segurança alimentar na região. “Temos que ver isso”, disse.
Blairo Maggi classificou como necessária a reação do governo – incluindo o uso das forças armadas – aos protestos realizados na quarta-feira (24/5), em Brasília. Durante as manifestações, houve um incêndio no prédio do Ministério.
Para ele, os atos foram lamentáveis e a situação saiu do controle. “Pessoas estavam fazendo a manifestação no canteiro central sem problema, mas outras, nas laterais do prédio, começaram a colocar fogo. Foi uma pena, acho até que tardou a chegar o reforço policial”, disse o ministro.
Maggi avaliou a situação política do Brasil como complicada. Mas ressaltou que seu partido continuará a apoiar o governo até uma definição e que não espera que o presidente Michel Temer saia do cargo.
“Temos que esperar uma definição. O governo precisa se reorganizar no Congresso. Base popular, já não tinha. Essa base no congresso está bem abalada também e a chance do governo permanecer é recompor isso”, disse.
A necessidade de reorganização da base colocou em compasso de espera a discussão sobre temas importantes para o setor do agronegócio, como a liberação de compra de terras para estrangeiros e o Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural (Funrural).
“Temos muitos projetos e reformas para discutir, mas, infelizmente, no momento em que nos encontramos, não dá para resolver isso”, lamentou o ministro.
Mato Grosso
O posicionamento segue a decisão do governo de Mato Grosso, que anunciou na quarta-feira (24) medidas para e diminuir a presença do JBS no Estado. A principal é a redução, momentânea, alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a transferência de gado em pé de Mato Grosso para outros estados, de 7% para 2,5%. “Não podemos zerar para termos responsabilidade fiscal com Estado”, afirmou o vice-governador Carlos Fávaro.
O diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, defende a isenção emergencial do tributo para que os produtores possam vender o gado fora do Estado. O motivo é a decisão da JBS de pagar o produtor apenas a prazo (30 dias) e não mais fazer pagamento à vista. “Queremos poder procurar outros negócios melhores. Com informações do Globo Rural e da Acrimat.