Publicado em 27/10/2016Detentor de 20,36% das ações da JBS, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vetou a reorganização societária da empresa que transferiria sua sede para a Irlanda do Norte e o domicílio fiscal para o Reino Unido. A ação da companhia, que acumulava alta de 35% desde o anúncio da operação, no dia 11 de maio, caiu ontem 11,45%, fazendo a empresa perder R$ 3,9 bilhões em valor de mercado.
A reorganização pretendida criaria a JBS Foods International, na Irlanda, com 85% do faturamento do grupo. No ano passado, a JBS faturou R$ 162,9 bilhões, a maior receita apurada no Brasil por uma empresa privada não financeira. Com o veto do BNDES, o grupo busca alternativas para obter ao menos parte dos benefícios que teria com a reorganização societária, como a ampliação da base de investidores e a redução do custo de capital.
Diante do veto inesperado, a tendência do grupo é abrir o capital da JBS USA, subsidiária que engloba operações da empresa nos Estados Unidos. Na verdade, o processo de listagem da JBS Foods International na bolsa de Nova York já estava em curso, mas agora terá que ser cancelado, podendo dar lugar ao da subsidiária americana. Nesse caso, o grupo não necessita da aprovação do BNDES.
"Não temos só uma ou duas, mas várias alternativas que vamos continuar discutindo", assegurou ontem o presidente global da JBS, Wesley Batista. Abrir o capital de uma das subsidiárias tende a ser mais fácil. Batista explicou a analistas que o BNDES tem poder de veto apenas em hipóteses como aumento ou redução de capital. O acordo de acionistas com o banco estatal termina em 2019.
Ao justificar o veto, o BNDES alegou que, com a reorganização societária, a JBS seria desnacionalizada, alterando "substancialmente os direitos e deveres conferidos a todos os acionistas, com repercussões de diversas naturezas, e submetendo-os a legislação e jurisdição estrangeiras". Com informações do Valor.